segunda-feira, 27 de setembro de 2010

? (O Que É Que Eu Sou) ou o que eu estou sendo?!!!

? (O Que É Que Eu Sou)
Paula Toller
Composição: Erasmo Carlos



O que é que eu sou?
Eu vim porquê?
Pra onde eu vou?
Onde é que eu tava?
Onde é aqui?
Quem me mandou?
Qual é o nome
da minha alma?

Acho que sou fruto da imaginação,
A imagem viva da ilusão.
Falso faz de conta do que seja uma mulher
Ou uma miragem de um dejavù qualquer

Você é quem?

Você é quem?
Veio de onde?
O que faz aqui?
Pra onde vai?
Você não sabe,
Eu também não sei...
Somos o todo, feito de nada.


link show em Pelotas...http://www.youtube.com/watch?v=yf7SzqMeqlA

Obs: a indicação da letra da música é da colega Lidiane
vejam o blog da Lidi...http://lidissilva.blogspot.com/2010/09/o-que-e-que-eu-sou.html

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Após as Férias de Inverno

Após as férias... nossas tardes de conversas estão de volta...
Aprendizagens...contemporâneas...

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Blade Runner: o caçador de andróides

Sobre....

Blade Runner (br: Blade Runner, o Caçador de Andróides / pt: Blade Runner, Perigo Iminente)[1] é um filme estadunidense de 1982, do gênero ficção científica, realizado por Ridley Scott, e ilustrando uma visão futurística de Los Angeles em novembro de 2019.

O argumento, escrito por Hampton Fancher e David Peoples, baseia-se na novela Do Androids Dream of Electric Sheep? de Philip K. Dick. O protagonista é Harrison Ford no papel de Deckard, um detetive da polícia de Los Angeles. O visual do filme foi concebido em parte por Syd Mead e a trilha sonora, Blade Runner, é de Vangelis.

Sinopse

O filme descreve um futuro em que a humanidade inicia a colonização espacial, para o que cria seres geneticamente alterados - replicantes - utilizados em tarefas pesadas, perigosas ou degradantes nas novas colônias. Fabricados pela Tyrell Corporation como sendo "mais humanos que os humanos", os modelos Nexus-6 são fisicamente idênticos aos humanos, mas são mais fortes e ágeis. Devido a problemas de instabilidade emocional e reduzida empatia, os replicantes são sujeitos a um desenvolvimento agressivo, pelo que o seu período de vida é limitado a quatro anos.

Após um motim, a presença dos replicantes na Terra é proibida, sendo criada uma força policial especial - blade runners — para os caçar e "aposentar" (matar). O filme relata como um ex-blade runner - Deckard - é levado a voltar à ativa para caçar um grupo de replicantes que se rebelou e veio para a Terra à procura do seu criador, para tentar aumentar o seu período de vida e escapar da morte que se aproxima.

Ao visitar Tyrell, o criador dos replicantes, Deckard conhece sua jovem assistente Rachael, que ignora o fato de que também ela é uma replicante. Rachael tem todas as memórias de uma sobrinha de Tyrell, e apoiada em suas memórias não consegue acreditar que é uma replicante. A cena em que ela é submetida a um teste Voight-Kampff e se convence desse fato é uma das mais comoventes do filme, e levanta questões filosóficas importantes. O policial Deckard se sente atraído por Rachael, sua fragilidade e sensibilidade, e se envolve com ela.

Um a um os replicantes são caçados, e ao longo do filme parecem adquirir características humanas, enquanto os verdadeiros humanos que os caçam parecem adquirir, cada vez mais, características desumanas. Ao fim, as questões que afligem os replicantes acabam se tornando as mesmas que afligem os humanos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Blade_Runner




mais...
http://www.telacritica.org/BladeRunner.htm
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.053/533

Bônus....

1001 Filmes para ver antes de morrer: http://1001-filmes.blogspot.com/

domingo, 23 de maio de 2010

Mapeando caminhos nas pesquisas

Estamos diante de um processo de intensas alterações cotidianas impulsionadas pelas Tecnologias de Comunicação e de Informação [TIC’S]; um oceano de informações que se modificam a cada segundo, transformações na cultura, nos modos de comunicação e de interação acelerados pelos avanços tecnológicos. Isso requer uma constante reflexão, bem como uma necessidade de estarmos atendos para não nos perdemos nesse universo de dados.Tais transformações nos conduzem a reflexões e intervenções sem ao menos sabermos para onde estamos indo. Como podemos pesquisar? Como intervir no campo da educação? Neste contexto, “novos textos” se desenham entre as falas e as escritas que observamos em nosso dia a dia.
Estamos frente a um oceano fluido de informações, passamos a buscar outras possibilidades de conexões com os conhecimentos que se apresentam a todo instante. Urgem necessidades para construirmos mapas que nos apontem possibilidades para que compreendamos tais cartografias; e, assim, tenhamos um mínimo de condições e de possibilidades para que possamos intervir nos novos caminhos de aprendizagens que o contemporâneo constrói.
Emergem informações e apelos às novidades tão luminosas e velozes ... “corremos os olhos” sobre elas. Como lidar com este novo cenário? São tantas as informações recebidas em nosso dia a dia que as “liquificamos”, não sobra um rastro, um caminho. O que resta são pulverizações, fragmentos de multiplicidades de informações Quando olhamos o nosso contorno percebemos que não há um caminho, mas possibilidades de caminhos.
Não há pegadas que resistam a um solo tão fluido. Isso nos causa um cansaço, um vazio que nos produz dúvidas e indagações: como pesquisar?
há uma quantidade inassimilável de informações, há necessidade de atualização constante e a diversidade de dados mostra que “dominar um assunto” não é mais deter todas as informações,mas , sim saber onde e como encontrá-las.
Neste sentido, a idéia de mapear a informação, traçar rotas, selecionar e articular o que é relevante seja uma das possibilidades de se fazer pesquisa hoje. Saber trilhar onde não há pegadas é o desafio.

rosária sperotto

sábado, 1 de maio de 2010

Oração ao sol


Oração ao sol
Oração tupinambá, recolhida no século 16
Grande espírito, cuja voz ouço nos ventos e cujo alento dá vida a todo mundo, ouve-me!
Sou pequeno e fraco, sou pequena e fraca, necessito de tua força e sabedoria.
Deixa-me andar em beleza e faz com que meus olhos possam sempre contemplar o vermelho e o púrpura do pôr-do-sol.
Faz com que minhas mãos respeitem tudo o que fizeste e que meus ouvidos sejam aguçados para ouvir a tua voz.
Faz-me sábio, faz-me sábia para que eu possa compreender as coisas que ensinaste ao meu povo.
Deixa-me aprender as lições que escondeste em cada folha, em cada rocha.
Busco força, não para ser maior que meu irmão, que minha irmã, mas para lutar contra meu maior inimigo – eu mesmo, eu mesma.
Faz-me sempre pronto, faz-me sempre pronta para chegar a ti com as mãos limpas e o olhar firme a fim de que, quando a vida apagar, como se apaga o poente, meu espírito possa estar contigo sem se envergonhar.

Fonte:http://esperancadaterra.ning.com/profiles/blogs/oracao-ao-sol

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Indagações

Olha lá para fora!
Qual é o dia mais belo? Hoje!
A coisa mais facil...Errar.
O maior obstáculo...O medo.
O maior erro ... O abandono.
A raiz de todos os males...O egoísmo.
A distrição mais bela... O trabalho.
A pior derrota... O desânimo.
Os melhores professores ... As crianças.
A primeira necessidade... Comunicar-se.
O que lhe faz mais feliz... Ser útil aos outros.
O maior mistério ... A morte.
O pior defeito ... O mau humor.
A pessoa mais perigosa ... A mentirosa.
O pior sentimento... O rancor.
O presente mais belo ... O perdão.
O mais imprescindível ... O lar.
A rota mais rápida ... O caminho certo.
A sensação mais agradável ... A paz interior.
A proteção efetiva ... O sorriso.
O melhor remédio... O otimismo.
A força mais potente do mundo ... A fé.
As pe ssoas mais necessárias ... Os pais.
A mais bela das coisas ... O amor.
A inteligência sem amor te faz perverso.
A justiça sem amor te faz implacável.
A diplomacia sem amor te faz hipócrita.
O êxito sem amor te faz arrogante.
A riqueza sem amor te faz avarento.
A docilidade sem amor te faz servil.
A pobreza sem amor te faz orgulhoso.
A beleza sem amor te faz ridículo.
A autoridade sem amor te faz tirano.
O trabalho sem amor te faz escravo.
A simplicidade sem amor te depresia.
A política sem amor te deixa egoísta.
A fé sem amor te deixa fanático.
A cruz sem amor se converte em tortura.
A VIDA SEM AMOR NÃO TEM SENTIDO.
Autor desconhecido

sábado, 17 de abril de 2010

Presidiários da Ternura

Na foto: Drummond, Vinicius, Bandeira, Quintana e Paulo Mendes Campos

“Quem coleciona selos para o filho do amigo; quem acorda de madrugada e estremece no desgosto de si mesmo ao lembrar que há muitos anos feriu a quem amava; quem chora no cinema ao ver o reencontro de pai e filho; quem segura sem temor uma lagartixa e lhe faz com os dedos uma carícia; quem se detém no caminho para ver melhor a flor silvestre; quem se ri das próprias rugas; quem decide aplicar-se ao estudo de uma língua morta depois de um fracasso sentimental; quem procura na cidade os traços da cidade que passou; quem se deixa tocar pelo símbolo da porta fechada; quem costura roupa para os lázaros; quem envia bonecas às filhas dos lázaros; quem diz a uma visita pouco familiar: Meu pai só gostava desta cadeira; quem manda livros aos presidiários; quem se comove ao ver passar de cabeça branca aquele ou aquela, mestre ou mestra, que foi a fera do colégio; quem escolhe na venda verdura fresca para o canário; quem se lembra todos os dias do amigo morto; quem jamais negligencia os ritos da amizade; quem guarda, se lhe deram de presente, o isqueiro que não mais funciona; quem, não tendo o hábito de beber, liga o telefone internacional no segundo uísque a fim de conversar com amigo ou amiga; quem coleciona pedras, garrafas e galhos ressequidos; quem passa mais de dez minutos a fazer mágicas para as crianças; quem sabe construir uma boa fogueira; quem entra em delicado transe diante dos velhos troncos, dos musgos e dos liquens; quem procura decifrar no desenho da madeira o hieróglifo da existência; quem não se acanha de achar o pôr-do-sol uma perfeição; quem se desata em sorriso à visão de uma cascata ; quem leva a sério os transatlânticos que passam; quem visita sozinho os lugares onde já foi feliz ou infeliz; quem de repente liberta os pássaros do viveiro; quem sente pena da pessoa amada e não sabe explicar o motivo; quem julga adivinhar o pensamento do cavalo; todos eles são presidiários da ternura e andarão por toda a parte acorrentados, atados aos pequenos amores da armadilha terrestre.”

(Paulo Mendes Campos - O Anjo Bêbado)



terça-feira, 13 de abril de 2010

Se o passado é um efeito... e o presente é a SOMBRA do contemporâneo...




O link é sugestão do Miro!

Momento

Momento



Momento
Pedro Abrunhosa
Composição: Pedro Abrunhosa

Uma espécie de céu
Um pedaço de mar
Uma mão que doeu
Um dia devagar
Um Domingo perfeito
Uma toalha no chão
Um caminho cansado
Um traço de avião
Uma sombra sozinha
Uma luz inquieta
Um desvio na rua
Uma voz de poeta
Uma garrafa vazia
Um cinzeiro apagado
Um hotel na esquina
Um sono acordado
Um secreto adeus
Um café a fechar
Um aviso na porta
Um bilhete no ar
Uma praça aberta
Uma rua perdida
Uma noite encantada
Para o resto da vida

(Refrão)
Pedes-me um momento
Agarras as palavras
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas
Levas a cidade
Solta me o cabelo
Perdes-te comigo
Porque o mundo é o momento
(repete)

Uma estrada infinita
Um anuncio discreto
Uma curva fechada
Um poema deserto
Uma cidade distante
Um vestido molhado
Uma chuva divina
Um desejo apertado
Uma noite esquecida
Uma praia qualquer
Um suspiro escondido
Numa pele de mulher
Um encontro em segredo
Uma duna ancorada
Dois corpos despidos
Abraçados no nada
Uma estrela cadente
Um olhar que se afasta
Um choro escondido
Quando um beijo não basta
Um semáforo aberto
Um adeus para sempre
Uma ferida que dói
Não por fora, por dentro


(Repete o refrão 2x)

sábado, 10 de abril de 2010

Burnt Norton, de T.S. Elliot


O Poema "Burnt Norton" faz parte do livro "Four Quartets" (Quatro Quartetos) de T.S. Elliot. O próprio autor considera esta a sua obra-prima.

"Burnt Norton" questiona de que adianta considerar o que podia ter sido e não foi. Há nele a descrição de uma casa abandonada, e Eliot brinca com a idéia que todas essas possíveis realidades estão presentes simultaneamente, mas invisíveis para nós: todas as formas de atravessar o jardim se transformam numa vasta dança que não podemos ver, e crianças que não estão ali se escondem nos arbustos. Burnt Norton é uma casa de campo situada em Cotswold Hills, na cidade de Gloucestershire, Reino Unido. (do artigo sobre o autor na Wikipedia)

I

O tempo presente e o tempo passado
Estão ambos talvez presentes no tempo futuro,
E o tempo futuro contido no tempo passado.
Se todo o tempo é eternamente presente
Todo o tempo é irredimível.
O que podia ter sido é uma abstracção
Permanecendo possibilidade perpétua
Apenas num mundo de especulação.
O que podia ter sido e o que foi
Tendem para um só fim, que é sempre presente.
Ecoam passos na memória
Ao longo do corredor que não seguimos
Em direcção à porta que nunca abrimos
Para o roseiral. As minhas palavres ecoam
Assim, no teu espirito.
Mas para quê
Perturbar a poeira numa taça de folhas de rosa
Não sei.
Outros ecos
Habitam o jardim. Vamos segui-los?
Depressa, disse a ave, procura-os, procura-os,
Na volta do caminho. Através do primeiro portão,
No nosso primeiro mundo, seguiremos
O chamariz do tordo? No nosso primeiro mundo.
Ali estavam eles, dignos, invisiveis,
Movendo-se sem pressão, sobre as folhas mortas,
No calor do outono, através do ar vibrante,
E a ave chamou, em resposta à
Música não ouvida dissimulada nos arbustos,
E o olhar oculto cruzou o espaço, pois as rosas
Tinham o ar de flores que são olhadas.
Ali estavam como nossos convidados, recebidos e recebendo.
Assim nos movemos com eles, em cerimonioso cortejo,
Ao longo da alameda deserta, no círculo de buxo,
Para espreitar o lago vazio.
Lago seco, cimento seco, contornos castanhos,
E o lago encheu-se com água feita de luz do sol,
E os lótus elevaram-se, devagar, devagar,
A superfície cintilava no coração da luz,
E eles estavam atrás de nós, reflectidos no lago.
Depois uma nuvem passou, e o lago ficou vazio.
Vai, disse a ave, pois as folhas estavam cheias de crianças,
Escondendo-se excitadamente.. contendo o riso.
Vai, vai, vai, disse a ave: o género humano
Não pode suportar muita realidade.
O tempo passado e o tempo futuro
O que podia ter sido e o que foi
Tendem para um só fim, que é sempre presente.

II

Alhos e safiras na lama
Coagulam o eixo fixo.
O arame que vibra no sangue
Canta sob inventeradas cicatrizes
Apaziguando guerras há muito esquecidas.
A dança ao longo da artéria
A circulação da linfa
Estão representadas no rumo dos astros
Elevam-se ao verão na árvore
Nós movemo-nos acima da árvore em movimento
Na luz sobre a folha imaginada
E ouvimos no solo molhado
Lá em baixo, o cão de caça e o javali
Prosseguirem o seu ciclo como antes
Mas reconciliados no meio dos astros.



No ponto morto do mundo em rotação. Nem came nem espírito;
Nem de nem para; no ponto morto, aí está a dança,
Mas nem paragem nem movimento. E não se chame a isso fixidez,
Onde o passado e o futuro se reúnem. Nem movimento de nem para,
Nem ascensâo nem declínio. Se não fosse o ponto, o ponto morto,
Não haveria dança, e há só a dança.
Eu apenas posso dizer, estivemos ali: mas não posso dizer onde.
E não posso dizer por quanto tempo, pois seria situar isso no tempo.
A liberdade interior do desejo prático,
A libertação de acção e sofrimento, libertação da compulsão
Interior e exterior, e no entanto tendo à volta
Uma graça de sentido, uma luz branca em repouso e em movimento,
Erhebung sem movimento, concentração
Sem eliminação, ao mesmo tempo um novo mundo
E o velho tomado explícito, compreendida
No remate do seu êxtase parcial
A resolução do seu horror parcial.
Todavia o encadeamento de passado e futuro
Tecido na fraqueza do corpo em mutação
Protege a humanidade do céu e da danação
Que a carne não pode suportar.
O tempo passado e o tempo futuro
Apenas concedem um pouco de consciência.
Estar consciente é não estar no tempo
Mas apenas no tempo podem o momento no roseiral,
O momento no caramanchel onde a chuva batia,
O momento na igreja desabrigada ao entardecer
Ser lembrados; envolvidos em passado e futuro.
Apenas pelo tempo o tempo é conquistado.

III

Este é um lugar de desafeição
O tempo antes e o tempo depois
Numa luz sombria: nem luz do dia
Investindo a forma de lúcida quietude
Transformando a sombra em efémera beleza
Com vagarosa rotação sugerindo permanência
Nem escuridão para purificar a alma
Esvaziando o sensual pela privação
Purificando a afeição do temporal.
Nem plenitude nem vazio. Apenas um tremeluzir
Sobre os rostos tensos devastados pelo tempo
Distraídos da distracção pela dístracção
Cheios de fantasias e vazios de sentido
Túmida apatia sem concentração
Homens e pedaços de papel remolnhando no vento frio
Que sopra antes e depois do tempo,
Vento que entra e sai de pulmões viciados
Tempo antes e tempo depois.
Eructação de almas doentias
No ar desbotado, os miasmas
Levados no vento que varre os sombrios montes de Londres,
Hampstead e Clerkenwell, Campden e Putney,
Hihgate, Primrose e Ludgate. Não aqui
Não aqui a escuridão, neste mundo de agitadas vozes.

Desce mais, desce apenas
Ao mundo da solidão perpétua,
Mundo não mundo, mas aquilo que não é mundo,
Escuridão interna, privação
E destituição de toda a propriedade,
Dissecação do mundo do sentido,
Evacuação do mundo da fantasia,
Inoperância do mundo do espírito;
Estee é um dos caminhos, e o outro
É o mesmo, não em movimento
Mas abstenção de movimento; enquanto o mundo se move
Em apetência, nos seus caminhos metalizados
Do tempo passado e do tempo futuro.

IV

O tempo e o sino enterraram o dia,
A nuvem negra arrebata o sol.
Irá voltar-se para nós o girassol, a clematite
Desprender-se, debruçar-se; irão a gavinha e a vergôntea
Unir-se e aderir?
Os frígidos
Dedos do teixo descerão
Para nos envolver? Depois da asa do alcião
Ter respondido à luz com a luz e calar-se, a luz está em repouso
No ponto morto do mundo em rotação.

V

As palavras movem-se, a música move-se
Apenas no tempo; mas o que apenas vive
Apenas pode morrer. As palavras, depois de ditas,
Alcançam o silêncio. Apenas pela forma, pelo molde,
Podem as palavras ou a música alcançar
O repouso, tal como uma jarra chinesa ainda
Se move perpetuamente no seu repouso.
Não o repouso do violino, enquanto a nota dura,
Não isso apenas, mas a coexistência,
Ou digamos que o fim precede o princípio,
E que o fim e o princípio estiveram sempre ali
Antes do princípio e depois do fim.
E tudo é sempre agora. As palavras deformam-se,
Estalam e quebram-se por vezes, sob o fardo,
Sob a tensão, escorregam, deslizam, perecem,
Definham com imprecisão, não se mantêm,
Não ficam em repouso. Vozes estridentes
Ralhando, troçando, ou apenas tagarelando,
Assaltam-nas sempre. O Verbo no deserto
É muito atacado por vozes de tentação,
A sombra que chora na dança funérea,
O clamoroso lamento da quimera desconsolada.

O detalhe do molde é movimento,
Como na figura dos dez degraus.
O próprio desejo é movimento
Não desejável em si;
O próprio amor é inamovível,
Apenas a causa e o fim do movimento,
Intemporal, e sem desejo
Excepto no aspecto do tempo
Capturado sob a fonna de limitação
Entre o não ser e o ser.
De repente num raio de sol
Mesmo enquanto se move a poeira
Eleva-se o riso escondido
De crianças na folhagem
Depressa, aqui, agora, sempre-
Ridículo o triste tempo inútil
Que se estende antes e depois.


T.S. Elliot
Quatro Quartetos
Tradução de Maria Amélia Neto
3ª edição EDIÇÕES ÁTICA 1983

Link para o poema original em inglês

Viviane Mosé recita sua poesia "Tempo"

Sugestão do Marcos Vilella

Animação sugerida pelo Marcos Vilella. (cliquem no link para ver)

quarta-feira, 7 de abril de 2010


Posto a seguir um "link de pensares" enviado pelo Prof. Dr. Marcos Villela Pereira, meu co-orientador da Tese de Doutorado: Das artes de viver e das possíveis hibridações de subjetividades....
Um Fragmento de Immanuel Kant.

"A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma direção estranha, continuem no entanto de bom grado menores durante toda a vida. São também as causas que explicam por que é tão fácil que os outros se constituam em tutores deles. É tão cômodo ser menor. Se tenho um livro que faz as vezes de meu entendimento, um diretor espiritual que por mim tem consciência, um médico que por mim decide a respeito de minha dieta, etc., então não preciso esforçar-me eu mesmo. Não tenho necessidade de pensar, quando posso simplesmente pagar; outros se encarregarão em meu lugar dos negócios desagradáveis."

Immanuel KANT, Resposta à pergunta: que é Esclarecimento (Aufklärung)? - 5 de dezembro de 1783.

Curiosidade


O único tipo de curiosidade que vale a pena ser praticada com um pouco de obstinação não é aquela que busca se assimilar ao que convém conhecer, mas a que permite desprender-se de si mesmo. De que valeria a obstinação do saber se ela apenas garantisse a aquisição de conhecimentos e não, de certa maneira e tanto quanto possível, o extravio daquele que conhece? Há momentos na vida em que a questão de saber se é possível pensar de forma diferente da que se pensa e perceber de forma diferente da que se vê é indispensável para continuar a ver ou a refletir. (...) Mas o que é a filosofia hoje – quero dizer, a atividade filosófica – senão o trabalho crítico do pensamento sobre si mesmo? E se ela não consistir, ao invés de legitimar o que já se sabe, em tentar saber como e até onde seria possível pensar de modo diferente? (FOUCAULT, 2004, pp. 196-197)

FOUCAULT, M.O uso dos prazeres e as técnicas de si In Ditos e escritos vol. V – Ética, sexualidade e política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.



Também esta na p. 13 do livro História da Sexualidd II. 1984.

sábado, 3 de abril de 2010

O que é o contemporâneo?

Seguindo os pensares de Giorgio Agamben... o contemporâneo vem na sombra do presente...no tempo inapreensível que nos é sempre contemporâneo.
O contemporâneo que se pode entrever na temporalidade do presente é sempre retorno que não cessa de se repetir , portanto, nunca funda numa origem e, com isso, se aproxima da noção de poesia...
Poesia ... se define por ser retorno....

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Das artes de viver e das possíveis hibridações de subjetividades



Escrevo entre algumas "linhas de pensamentos" engendradas no atravessamento de múltiplos dispositivos ...maquínicos ...humanos...animais...plantas....

Pensar e problematizar o contemporâneo e seus modos de subjetivação será um dos desafios do Seminário Avançado: Comunicação, Cultura e Tecnologia na Formação Docente, entre o outono e inicío do inverno de 2010, no PPGE -UFPEL, em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil.

Trata-se de um "Curso" que utiliza a minha tese de Doutorado em Educação, defendida em 2002, no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS.
Hoje, retomo meus escritos com a intenção de partilhar o que vinha pensando ... os pensares se hibridam com o que foi problematizado naquele tempo....

Então....